Pancreatectomia: Quando é indicada e como funciona a recuperação
Guilherme Namur • 9 de setembro de 2025

A pancreatectomia é uma cirurgia que envolve a remoção parcial ou total do pâncreas, geralmente indicada para tratar tumores, doenças inflamatórias crônicas ou traumas graves no órgão. Como o pâncreas desempenha funções essenciais na digestão e no controle do açúcar no sangue, essa cirurgia exige cuidados específicos tanto no pré quanto no pós-operatório.


Neste artigo, vamos explicar quando a pancreatectomia é recomendada, como o procedimento é realizado e quais são os desafios da recuperação.
Continue lendo e entenda mais.


O que é a pancreatectomia?


A pancreatectomia é uma cirurgia que envolve a remoção de uma parte ou de todo o pâncreas, dependendo da gravidade da condição do paciente. Esse procedimento pode ser necessário para o tratamento de tumores, inflamações crônicas, cistos com potencial maligno ou traumas.


Tipos de Pancreatectomia


Pancreatectomia parcial: 


Remoção de apenas parte do pâncreas. Pode ser classificada em:



  • Pancreatectomia distal: retirada do corpo e da cauda do pâncreas, com preservação da cabeça. É a forma mais comum de pancreatectomia parcial e indicada em casos de lesões benignas ou malignas nessa região.
  • Procedimento de Whipple (pancreatoduodenectomia): remoção da cabeça do pâncreas, duodeno, vesícula biliar e, às vezes, parte do estômago. Usada principalmente para câncer de pâncreas na região da cabeça.
  • Pancreatectomia central: menos comum, envolve a remoção de uma porção central do pâncreas, preservando cabeça e cauda.


Pancreatectomia total: 

Retirada completa do pâncreas. Indicada em casos de tumores extensos, doença inflamatória grave difusa ou múltiplos tumores ao longo do órgão. Exige reposição permanente de insulina e enzimas digestivas.

A escolha do tipo de cirurgia depende da localização da doença, das condições clínicas do paciente e da função pancreática residual esperada.


Quando a pancreatectomia é indicada?


A pancreatectomia pode ser necessária em diversas situações clínicas, principalmente quando há risco de progressão da doença ou quando outras formas de tratamento não são eficazes. Entre as principais indicações estão:


  • Câncer de pâncreas: A remoção da área afetada pode ser a melhor alternativa para tratar tumores localizados.
  • Tumores benignos: Apesar de não serem cancerígenos, alguns tumores podem comprometer o funcionamento do pâncreas e precisar de remoção.
  • Pancreatite crônica grave: Quando a inflamação persistente causa dor intensa e prejudica a qualidade de vida, a cirurgia pode ser indicada.
  • Cistos pancreáticos: Alguns cistos apresentam risco de evolução para tumores malignos, tornando a remoção preventiva necessária.
  • Traumas pancreáticos severos: Lesões no pâncreas, como aquelas causadas por acidentes ou ferimentos, podem demandar a retirada parcial do órgão.


Antes de recomendar a pancreatectomia, o médico avalia cuidadosamente o quadro do paciente, considerando os riscos e benefícios do procedimento para garantir a melhor decisão terapêutica.


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Como é feita a pancreatectomia?

A cirurgia pode ser realizada por técnica aberta, laparoscópica ou robótica, a depender da complexidade e da experiência da equipe cirúrgica. As cirurgias minimamente invasivas têm ganhado espaço por promoverem menor dor, menor tempo de internação e recuperação mais rápida.


Durante a cirurgia, além da ressecção da parte do pâncreas afetada, podem ser necessários procedimentos associados, como:


  • Reconstrução das vias biliares e digestivas (especialmente no Whipple)
  • Linfadenectomia (remoção de linfonodos)
  • Biópsias intraoperatórias


Cuidados no pós-operatório imediato


A recuperação após uma pancreatectomia exige
internação hospitalar para monitoramento e suporte especializado. Durante esse período, algumas medidas são essenciais para evitar complicações e garantir uma recuperação segura:


  • Monitoramento dos níveis de glicose: Como o pâncreas desempenha um papel fundamental na regulação do açúcar no sangue, é necessário acompanhar de perto a glicemia, especialmente em pacientes submetidos à pancreatectomia total.
  • Suporte nutricional progressivo: Inicialmente, a alimentação pode ser administrada via líquidos, evoluindo gradualmente para uma dieta mais sólida conforme o organismo se adapta à nova realidade digestiva.
  • Uso de enzimas digestivas: Se houver comprometimento da função pancreática exócrina, pode ser necessário o uso de suplementos enzimáticos para auxiliar na digestão.
  • Controle da dor: Medicações analgésicas são administradas para minimizar o desconforto pós-operatório e permitir uma recuperação mais tranquila.


O período de internação geralmente varia
entre 5 e 10 dias, dependendo da resposta individual do paciente e da complexidade do procedimento. O acompanhamento médico contínuo é essencial para garantir uma reabilitação adequada e reduzir o risco de complicações.


Desafios da recuperação a longo prazo


A recuperação após uma pancreatectomia não se encerra com a alta hospitalar. O processo
exige adaptações no dia a dia para garantir a estabilidade da saúde e evitar possíveis complicações. Entre os desafios mais comuns estão:


  • Controle glicêmico

A remoção parcial ou total do pâncreas pode comprometer a produção de insulina, elevando o risco de diabetes. Alguns pacientes precisarão de monitoramento constante da glicose e, em alguns casos, de terapia com insulina.


  • Adaptação alimentar

Seguir uma dieta equilibrada é essencial. Optar por alimentos de fácil digestão e com alto valor nutricional ajuda na absorção eficiente dos nutrientes, minimizando desconfortos gastrointestinais.


  • Monitoramento de deficiências nutricionais

A má absorção de vitaminas e minerais pode ocorrer após a cirurgia, tornando necessário o acompanhamento com um especialista e, se indicado, a suplementação.


  • Prevenção de complicações

Infecções, hemorragias e dificuldades digestivas são riscos pós-cirúrgicos que demandam atenção contínua. O acompanhamento médico regular ajuda a detectar e tratar qualquer intercorrência precocemente.


Mudanças no estilo de vida para melhor recuperação


Adotar um estilo de vida saudável é fundamental
para garantir uma recuperação segura e evitar complicações após a pancreatectomia. A alimentação deve ser leve e equilibrada, priorizando alimentos naturais e evitando frituras, gorduras em excesso e produtos ultraprocessados. Fracionar as refeições ao longo do dia facilita a digestão e reduz a sobrecarga no sistema digestivo.


A
prática de atividades físicas moderadas pode contribuir para o bem-estar geral, mas deve ser realizada sob orientação médica, respeitando o tempo de recuperação do corpo. Além disso, comparecer às consultas com um especialista é essencial para monitorar a saúde metabólica, ajustar a dieta e prevenir possíveis complicações a longo prazo.


Restou alguma dúvida?


  • O que é cirurgia de pancreatectomia?

    A pancreatectomia é a remoção parcial ou total do pâncreas, realizada para tratar tumores, pancreatite crônica severa ou traumas no órgão.


  • Quando a pancreatectomia é indicada?

    A cirurgia pode ser necessária em casos de câncer de pâncreas, tumores benignos, pancreatite crônica severa, cistos pancreáticos com potencial maligno e lesões graves no pâncreas.

  • Quais são os riscos da pancreatectomia?

    Os principais riscos incluem infecções, hemorragias, fístulas pancreáticas, dificuldade na digestão, desenvolvimento de diabetes e complicações no trato digestivo. O acompanhamento médico reduz esses riscos.


  • É possível viver sem pâncreas?

    Sim, mas sem o pâncreas, o paciente precisará de reposição de insulina para controle da glicemia e de enzimas digestivas para auxiliar na absorção de nutrientes. O acompanhamento contínuo com especialistas é essencial.


  • Como é a recuperação após a pancreatectomia?

    A recuperação exige internação hospitalar de 5 a 10 dias, seguida de um período de adaptação alimentar e monitoramento contínuo da glicemia. O retorno às atividades normais ocorre gradualmente, conforme a evolução do paciente.


  • Quais as chances de cura para câncer de pâncreas após a pancreatectomia?

    As chances de cura dependem do estágio da doença e do tipo de tumor. Em casos detectados precocemente e tratados com cirurgia, as taxas de sobrevida são maiores.


  • A pancreatectomia afeta a qualidade de vida?

    Embora a cirurgia traga mudanças significativas, um estilo de vida saudável, alimentação adequada e acompanhamento médico frequente permitem que o paciente tenha uma boa qualidade de vida.


  • O que acontece quando a pessoa retira o pâncreas?

    A remoção total do pâncreas causa perda da produção de insulina e enzimas digestivas, exigindo controle rigoroso da glicemia e suplementação enzimática.


  • Após a pancreatectomia, há maior risco de desenvolver outros tipos de câncer?

    Sim, alguns pacientes podem ter um risco aumentado para tumores gastrointestinais devido a alterações metabólicas e inflamatórias. O monitoramento médico contínuo ajuda na detecção precoce.


  • Quais adaptações no estilo de vida são essenciais após a pancreatectomia?

    Além da alimentação equilibrada e do controle glicêmico, evitar o consumo de álcool, manter a hidratação adequada e praticar atividade física moderada são essenciais para a recuperação e o bem-estar.


  • Quais são as consequências da pancreatectomia total?

    As principais consequências incluem diabetes insulinodependente, dificuldades na digestão, risco de desnutrição e necessidade de ajustes contínuos na alimentação e medicação.


  • Quais são os sinais de alerta de complicações após a cirurgia?

    Febre persistente, dor abdominal intensa, perda de peso acentuada, diarreia frequente e glicemia descontrolada são sinais que exigem avaliação médica imediata.



Cirurgião do Aparelho Digestivo | Dr. Guilherme Namur


A pancreatectomia é um procedimento cirúrgico indicado para o tratamento de tumores, inflamações graves e outros problemas no pâncreas. A recuperação exige cuidados específicos, com ajustes na alimentação, controle da glicemia e monitoramento médico contínuo. Apesar dos desafios,
é possível manter uma boa qualidade de vida após a cirurgia com o devido acompanhamento.


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Artigo escrito por

Dr. Guilherme Namur

Cirurgia do Aparelho Digestivo


O Dr. Guilherme Namur é Cirurgião do Aparelho Digestivo formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência em Cirurgia Geral e Digestiva pelo Hospital das Clínicas. Atua com foco no tratamento de cânceres do aparelho digestivo, especialmente em cirurgia pancreática de alta complexidade, além de ser referência em técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia e cirurgia robótica, sempre aliado a um cuidado preciso e humanizado com seus pacientes.

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