Saiba tudo sobre pedra na vesícula
Guilherme Namur • 23 de junho de 2020

A vesícula biliar é uma estrutura sacular ligada a via biliar principal através do ducto cístico. Sua função é armazenar a bile , um líquido produzido pelo fígado que auxilia na digestão de gorduras no intestino.

Sempre que comemos algum alimento gorduroso, o intestino libera um sinal para a vesícula biliar se contrair e liberar a bile no duodeno, fazendo com que a gordura seja emulsificada. Pode-se dizer que ela funciona como um “detergente”, permitindo a sua digestão posterior no Jejuno e Íleo, que são as porções mais distais do intestino delgado.

Alguns distúrbios podem prejudicar o funcionamento desse processo, o que leva à formação de cálculos (pedras) na vesícula. Neste artigo, você vai saber tudo sobre pedra na vesícula, seus sintomas, fatores de risco, diagnóstico e o tratamento mais indicado. Boa leitura!

O que é pedra na vesícula?

As pedras na vesícula são formadas pela precipitação dos componentes do líquido biliar. Elas podem surgir devido a um desbalanço da composição da bile, por excesso de colesterol, de sais biliares ou, pela lentificação do esvaziamento da vesícula biliar.

 

Quando isso acontece, os cristais de colesterol começam a se precipitar, formando-se os núcleos dos cálculos, que posteriormente vão aumentando de tamanho. Os cálculos podem ser únicos ou múltiplos. Estima-se que até 20% da população adulta tenha pedra na vesícula.

 

Quais os sintomas da pedra na vesícula?

 

A grande maioria dos pacientes com pedra na vesícula são assintomáticos e não vão desenvolver sintomas ao longo da vida. Estima-se que apenas 20% a 30% apresentarão sinais em um período de 20 anos, sendo que apenas 1% terá complicações mais sérias.

 

Nos casos sintomáticos, a principal reclamação é a dor no quadrante superior direito do abdômen, também conhecido como hipocôndrio direito. Normalmente, essa dor aparece sob forma de cólica e frequentemente causada por consumo de alimentos gordurosos.  Além da dor, pode haver a presença de náusea e vômitos.

A pedra na vesícula também pode evoluir para formas mais complicadas, como é o caso da colecistite aguda. Essa obstrução do ducto cístico leva a um quadro de dor persistente que não melhora com nenhum analgésico.

Pode ocorrer, ainda, a migração do cálculo, levando a quadros de icterícia, que é causado pelo aumento das bilirrubinas. Além disso, há quadros ainda mais graves, como a inflamação pâncreas, mais conhecido como pancreatite aguda.

Principais causas e fatores de risco

Sua causa principal é a precipitação de colesterol ou sais biliares na vesícula biliar. Isso pode acontecer por conta de um excesso da presença de colesterol, de sais biliares na bile ou por uma deficiência no esvaziamento da vesícula.

Os principais fatores de risco para a formação dos cálculos biliares são:

  • Sexo: As mulheres têm 2 vezes mais chances de desenvolver do que os homens;
  • Idade: Ocorre principalmente em quem possui mais de 40 anos;
  • Fertilidade: Mulheres com filhos têm chances maiores de ter cálculos biliares;
  • Obesidade ;
  • Fatores genéticos: É comum que, em uma mesma família, existam vários casos de cálculos biliares;
  • Ocorrência de doenças raras: As anemias hemolíticas, por exemplo, levam a formação de cálculos de pigmentos biliares, como anemias falciformes ou talassemia.
  • Perda de peso acentuada: quase 50% dos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica apresentarão cálculos na vesícula biliar no pós-operatório.

Como é feito o diagnóstico da doença?

O diagnóstico é feito através de um exame de ultrassonografia de abdômen. Apesar de ser um exame corriqueiro, é o mais eficiente para a avaliação da vesícula biliar e não possui contraindicação, já que não usa radiação.

Eventualmente, quando há suspeita de que um cálculo tenha se movido da vesícula biliar em direção à via biliar principal, conhecido como coledocolitíase, costuma ser recomendada também a realização de ressonância magnética.

Qual o tratamento mais indicado para pedra na vesícula?

O tratamento é feito unicamente através da  cirurgia, chamada de  colecistectomia  , que consiste na remoção da vesícula biliar. Ela é indicada para todos os pacientes com pedra na vesícula que tenham os sintomas relacionados ou apresentem algum tipo de complicação, como:

No caso dos pacientes sem sintomas, deve-se levar em consideração alguns fatores, como idade e doenças associadas. Para pacientes jovens e com risco cirúrgico baixo, a cirurgia pode ser recomendada em casos específicos, em que apresentam:

  • Cálculos maiores que 3 centímetros;
  • Microcálculos, que podem migrar para via biliar principal;
  • Anemias hemolíticas;
  • Pólipos na vesícula biliar associado às pedras;
  • Vesícula em porcelana, que eleva os riscos de neoplasia.

Já em pacientes idosos ou com alto risco cirúrgico, o tratamento deve ser conservador.

É importante salientar que pacientes com sintomas devem ser tratados precocemente, porque quanto mais tempo se passa, aumentam as complicações do tratamento cirúrgico. 

O tratamento cirúrgico  é feito por via minimamente invasiva, através de pequenas incisões, o que causa pouca dor, ótimo resultado estético e rápido retorno às atividades do dia a dia.

Fique atento a tudo que envolve a pedra na vesícula!

 

A pedra na vesícula é uma doença bastante frequente. Segundo dados do Ministério da Saúde , 2 em cada 10 brasileiros sofrem com o problema.

 

O único tratamento existente é o cirúrgico, que consiste na remoção de toda a vesícula biliar. Sua indicação é para todos os pacientes sintomáticos e para aqueles pacientes assintomáticos com baixo risco cirúrgico.

Caso você sinta dores intensas e persistentes no lado direito do abdômen, procure imediatamente o seu médico para que ele realize os exames necessários pois isso podem ser as pedras na vesícula.

 

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Artigo escrito por

Dr. Guilherme Namur

Cirurgia do Aparelho Digestivo


O Dr. Guilherme Namur é Cirurgião do Aparelho Digestivo formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência em Cirurgia Geral e Digestiva pelo Hospital das Clínicas. Atua com foco no tratamento de cânceres do aparelho digestivo, especialmente em cirurgia pancreática de alta complexidade, além de ser referência em técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia e cirurgia robótica, sempre aliado a um cuidado preciso e humanizado com seus pacientes.

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