Entenda a relação entre estresse e intestino
Guilherme Namur • 17 de janeiro de 2024

Você já esteve em uma situação de nervosismo intenso e sentiu seu estômago revirar ou experimentou desconfortos intestinais? Não é mera coincidência. O intestino tem uma conexão profunda com o estresse. Esta relação, que vai além do simples desconforto ocasional, pode ter implicações significativas para a sua saúde geral.



O equilíbrio entre a saúde mental e a função intestinal é um tópico ainda não totalmente compreendido pela ciência, mas neste artigo, vamos abordar sobre como o estresse influencia o intestino e vice-versa. Continue lendo.


A relação entre o sistema digestivo e o cérebro


Muita gente costuma dizer que temos “dois cérebros”, sendo que um deles é, na verdade, o intestino. E a afirmação tem a sua explicação: é que o órgão “dialoga” diretamente com o cérebro assim como envia sinais para o restante do corpo.


Ambos são, inclusive, um sistema. São íntimos e as sensações que o intestino sente normalmente são percebidas pelo cérebro. Especialmente, em momentos de estresse.


Mas afinal, como o estresse afeta o intestino?


A relação entre estresse e intestino é mais profunda do que muitos imaginam. Mas como exatamente o estresse influencia a função intestinal? Vamos explorar essa conexão.


O estresse, em sua essência, é uma resposta do corpo a situações percebidas como ameaçadoras. Esta resposta é mediada por uma série de reações hormonais e químicas. Quando o estresse é crônico, ou seja, persiste por longos períodos, essas reações podem ter efeitos prejudiciais sobre várias funções corporais, incluindo a digestão.


A resposta contínua ao estresse pode levar a uma série de alterações no sistema digestivo, tais como:


  • Comprometimento na Absorção de Nutrientes: O intestino pode não funcionar de maneira otimizada, resultando em uma absorção inadequada de nutrientes essenciais.
  • Diminuição da Oxigenação: O fluxo sanguíneo reduzido pode comprometer a oxigenação dos tecidos intestinais.
  • Redução do Fluxo Sanguíneo: O estresse pode levar a uma diminuição do fluxo sanguíneo no intestino, afetando adversamente o metabolismo local.
  • Produção Enzimática Reduzida: O estresse pode resultar em uma produção enzimática significativamente menor, comprometendo a digestão adequada dos alimentos.


Estas alterações, quando persistentes, podem ter implicações significativas para a saúde digestiva e geral. A seguir, vamos aprofundar ainda mais nesta relação e entender suas implicações clínicas.


Doenças intestinais relacionadas ao estresse


A interação entre o estresse e o sistema digestivo é notavelmente profunda. De fato, distúrbios gástricos frequentemente coexistem com condições mentais, como ansiedade e depressão. Esta conexão entre o cérebro e o intestino é tão estreita que elevações nos níveis de estresse podem manifestar-se em sintomas digestivos, mesmo na ausência de uma condição médica diagnosticada.


Por exemplo, sob estresse crônico, não é raro experimentar sintomas semelhantes aos da gastrite, como desconforto abdominal. Além disso, náuseas e outros sintomas digestivos podem surgir, mesmo quando não estão diretamente ligados a uma condição gástrica específica.


O estresse prolongado pode desencadear ou exacerbar várias condições intestinais, incluindo:


  • Cólicas Intestinais
  • Diarreia
  • Constipação
  • Flatulência
  • Síndrome do Intestino Irritável (SII)
  • Doença Inflamatória Intestinal (DII)


Muitas vezes, a abordagem inicial é tratar os sintomas manifestos. No entanto, em casos onde o estresse é um fator contribuinte significativo, é essencial abordar e gerenciar o estresse como parte integrante do tratamento.


Leia também: quais são os tipos de câncer de intestino?


Maneiras de reduzir o estresse e cuidar do intestino


A gestão eficaz do estresse não só beneficia a saúde mental, mas também pode ter um impacto positivo direto no sistema digestivo. A abordagem é tanto terapêutica quanto preventiva. Aqui estão algumas estratégias recomendadas para promover o bem-estar mental e, consequentemente, a saúde intestinal:


  • Exercício Físico Regular: A atividade física é conhecida por liberar endorfinas, que são neurotransmissores que promovem sensações de bem-estar e alívio do estresse.
  • Técnicas de Relaxamento: Práticas como yoga podem ajudar a relaxar a mente e o corpo, reduzindo a tensão.
  • Meditação e Exercícios de Respiração: Estas práticas podem ajudar a centrar a mente, promover a consciência e reduzir os níveis de estresse.
  • Terapia: Aconselhamento ou terapia com um profissional de saúde mental pode fornecer ferramentas e estratégias para lidar com o estresse e outros desafios emocionais.
  • Dieta Equilibrada: Uma alimentação saudável e balanceada pode promover a saúde intestinal e, por sua vez, influenciar positivamente o bem-estar mental.
  • Sono Adequado: Um sono reparador é fundamental para a recuperação e regulação do corpo e da mente.


Em resumo, é essencial reconhecer o papel do estresse na saúde intestinal e adotar medidas proativas para gerenciá-lo. Faça uma autoavaliação e tente compreender o quanto o estresse tem interferido na sua qualidade de vida.


Saiba mais: dor abdominal intensa pode ser pancreatite?


Conclusão


Estresse e intestino estão intimamente ligados. E esse é um sinal de alerta que você deve aprender a reconhecer para tratar a causa do problema, e não simplesmente os seus sintomas.


Mas, como vimos, é sempre importante atentar-se a todos os sinais que o seu organismo está tentando transmitir.


Por isso, para avaliar se o estresse e intestino estão em dia e sem riscos para você, procure o acompanhamento de um cirurgião do aparelho digestivo. Conheça o Dr. Guilherme Namur e agende uma consulta conosco!

Artigo escrito por

Dr. Guilherme Namur

Cirurgia do Aparelho Digestivo


O Dr. Guilherme Namur é Cirurgião do Aparelho Digestivo formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência em Cirurgia Geral e Digestiva pelo Hospital das Clínicas. Atua com foco no tratamento de cânceres do aparelho digestivo, especialmente em cirurgia pancreática de alta complexidade, além de ser referência em técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia e cirurgia robótica, sempre aliado a um cuidado preciso e humanizado com seus pacientes.

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